“Eu sou o caminho”
Apregoaste Senhor um dia
Em terras da Judeia.
Mas eu quis trilhar o meu caminho
Traçar o meu destino
Dirigir a minha vida inteira.
Falhei!
Que outra coisa seria de esperar?
Fui incauto imprudente.
Fui néscio,
Rebelde,
Imprevidente!
Néscio, porque o caminho vero e forte
É apenas o teu.
O outro, o que parece aos meus olhos direito
Só poderia conduzir-me á morte.
Rebelde, porque me revoltei
Contra a tua vontade
O meu querer quis impor
Voltando as costas á divina verdade.
Porque quis talhar a golpes de machado
O meu futuro incerto.
Sem contar que cada machadada,
Cada golpe aberto,
Era uma bênção tua já cortada.
Eram marcas sangrentas, profundas,
Que doíam;
Era um destino mutilado
Que as minhas mãos tinham na sua rebeldia amargurado.
Imprevidente, por que a vida que tenho
Não é minha e sabia
Porque dispus – que insensatez.
Daquilo que te pertencia.
Do que veio em ti num momento de amor
Como se alguma vez me fosse permitido
Usar o que era teu
Sem ter de prestar contas
Do abuso cometido.
Perdoa, Senhor, meu gesto derradeiro
De buscar para mim a independência
Minha louca imprudência.
De alma contrita e coração aberto
Quero andar no caminho que és tu
Trilhar o rumo certo.
Manuela Oliveira
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